Quando Jesus disse que é mais fácil passar um camelo pelo fundo de uma agulha, do que
entrar um rico no Reino dos Céus, ele não falou contra a riqueza, mas chamou a atenção
para o seu bom aproveitamento.
Quando bem aproveitada, a riqueza gera bem-estar social, conforto, saúde, alegria e
soluciona muitos problemas da Humanidade.
Quando mal aplicada, gera a fome, a desolação, o desespero, a aflição e uma grande série
de males.
Este ensinamento de Jesus aconteceu depois que um moço rico lhe perguntou o que
deveria fazer para herdar a vida eterna. Jesus respondeu que o moço deveria cumprir os
mandamentos.
Ele ficou muito alegre, pois como assíduo aluno dos escribas do Templo, cumpria os
mandamentos, desde a mocidade. Jesus, então, disse que uma coisa ainda lhe faltava:
vender todos os seus bens, distribuir com os pobres e segui-Lo.
O moço abaixou a cabeça e se retirou, muito triste. Diante disso, Jesus falou aos Apóstolos:
É mais fácil passar um camelo pelo fundo de uma agulha, do que entrar um rico no Reino
dos Céus.
(Lucas, 18: 25)
O moço cumpria os requisitos próprios de um bom cristão; no entanto, o apego à sua
fortuna material o impedia ao mais importante: a prática da caridade.
Ao recusar o convite de Jesus, ele perdeu a oportunidade de participar da mais
extraordinária missão desempenhada por um missionário, na Terra.
O Evangelho apresenta um exemplo interessante de desprendimento da riqueza: a história
de Zaqueu, chefe dos publicanos (cobradores de impostos) em Jericó, que recebeu Jesus
em sua casa, comprometendo-se a doar a metade dos seus bens aos pobres e, se
comprovado que ele tivesse causado dano a alguém, seja no que fosse, indenizaria com
outros tantos.
No livro Boa Nova (FEB), psicografado por Francisco Cândido Xavier, Humberto de Campos
registra que Zaqueu informou a Jesus que tinha sido observado como um homem de vida
reprovável, mas há muitos anos ele vinha empregando o dinheiro para proporcionar
benefícios a todos os que o rodeavam.
Disse ainda que, observando que em Jericó havia muitos pais de família sem trabalho,
organizou múltiplos trabalhos de criação de animais e de cultivo permanente de terra e que
até de Jerusalém muitas famílias vieram buscar, em seus trabalhos, o indispensável recurso
à vida.
E que os servos de sua casa nunca o encontraram sem a sincera disposição de servi-los.
Encontramos também no Evangelho (Lucas, 16: 19 a 31) a Parábola do Rico e Lázaro, que
narra a situação de dois Espíritos após a existência terrena, em que um escolheu a prova
da riqueza e o outro, a da pobreza sofrida.
O rico e o pobre (Lázaro) simbolizam a Humanidade sempre em disputa.
O rico passou a vida na fartura, insensível aos seus semelhantes, más ações cujo efeito é
sofrer no Plano Espiritual.
O pobre sofreu no mundo, resignadamente, e goza na vida Espiritual o seu bom
aprendizado de humildade numa vida difícil.
Ainda em Lucas, 12: 13 a 21, a Parábola do Rico Insensato fala de um lavrador rico
que teve uma grande colheita e não tendo onde guardar os frutos, erradamente concluiu
derrubar os seus celeiros e os reconstruir maiores e aí guardar todos os seus bens.
Tendo muitos bens em depósito para longos e dilatados anos, poderia descansar, comer,
beber, regalar-se, sem ter que trabalhar.
Porém, na mesma noite desencarnou e viu que de nada valeu a acumulação de tais bens,
porque os bens transitórios do mundo não prevalecem para as vidas futuras.
Como diz o provérbio: “Do mundo nada se leva, a não ser as aquisições nobres da Alma”.
No final da parábola, Jesus diz: “Assim é aquele que para si ajunta tesouros, e não é rico
para com Deus”.
Altamirando Carneiro – O aproveitamento das riquezas terrenas
- O Consolador – Nº 407 – 29/03/2015
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