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terça-feira, 19 de setembro de 2023

Zaqueu - Fenômeno magnético

 Reunião pública de 28/8/59 Questão nº 427

Quem admite hoje o fenômeno magnético, por novidade, se esquece naturalmente de que, no Egito dos Ramsés, velho papiro trazido aos nossos dias já preceituava quanto ao magnetismo curativo: 

"Pousa a tua mão sobre o doente e acalma a dor, afirmando que a dor desaparece.

"Séculos transcorreram, até que ele adquirisse extensa popularidade com as demonstrações de Mesmer e atravessasse, tímido, o pórtico da experimentação científica com personalidades marcantes, quais James Braid e Durand de Grosa, Charcot e Liébeault. 

E, nos tempos últimos, ei-lo em foco, desde os mais avançados gabinetes das ciências psicológicas até os espetáculos públicos nos quais a hipnose é conduzida, indiscriminadamente, para fins diversos. 

Entretanto, importa considerar que é justamente em Nosso Senhor Jesus Cristo que ele atinge o seu ponto mais alto na Humanidade. 

Todavia, não se vale dele o Senhor para alardear os poderes que lhe exornam o Espírito. 

Não lhe mobiliza os recursos para impressionar sem proveito. 

Não lhe requisita os valores para discussões estéreis. 

Não lhe concentra as possibilidades para a defesa de si próprio. 

Jesus é o amor divino alongando os braços à angústia humana. 

Estende a mão e cegos veem, e paralíticos se levantam, e feridentos se alimpam e obsidiados se recuperam. 

Fita Madalena em casa de Simão e dá-lhe forças para que se liberte das entidades sombrias que a subjugam; contempla Zaqueu no sicômoro e modifica lhe as noções da riqueza material; fixa Judas no cenáculo e o companheiro infeliz foge apressado, incapaz de suportar lhe a presença, e endereça a Pedro um simples olhar das grades da prisão e o amigo que o negara pranteia amargamente. 

Ainda assim, não se detém nos casos particulares. Junto ao povo, tempera cada manifestação com autoridade e doçura, humildade e comando, respeito e compreensão. 

De ninguém indaga a prática religiosa, para fazer o bem. 

No ensinamento, utiliza parábolas para não ferir fosse a quem fosse. 

A todos oferece o apaziguamento da alma, antes da cura física. 


Não procura os poderosos da Terra para qualquer entendimento, e, sim, busca de preferência os que passam curvados sob o jugo das aflições. 

Não se faz precedido de arautos e batedores. 

Não demanda lugares especiais para a exibição dos fenômenos que lhe vertem das faculdades sublimes. 

E, para imprimir o magnetismo divino da Boa-Nova na mente popular, traça no monte as bem-aventuranças da vida eterna, proclamando veemente: 

"Felizes os humildes de espírito, porque a eles toca o reino dos Céus. 

"Felizes os que choram, porque serão consolados. 

"Felizes os afáveis, porque possuirão a Terra. 

"Felizes os que têm fome e sede de justiça, porque serão fartos. 

"Felizes os misericordiosos, porque obterão misericórdia. 

"Felizes os que trazem consigo o coração puro, porque sentirão a presença de Deus. 

"Felizes os pacíficos e os pacificadores, porque serão chamados filhos do Altíssimo. 

"Felizes os que forem perseguidos sem causa, porque o reino dos Céus lhes pertence." 

Se afeiçoas, assim, ao fenômeno magnético, seja qual for o filão de tuas atividades, poderás estudá-lo e incrementá-lo, estendê-lo e defini-lo, mas, para que dele faças motivo de santidade e honra, somente em Jesus Cristo encontrarás o luminoso e indiscutível padrão. 

Emmanuel, Livro: Religião dos Espíritos, Fenômeno Magnético, (Chico Xavier)




Zaqueu - Evangelho e vida

 No mundo de hoje, há boa vida e há vida boa. 

Boa vida é bem-estar.

Vida boa é estar bem.

Por isso, temos criaturas de boa vida e criaturas de vida boa. 

As primeiras servem a si mesmas. 

As segundas respiram no auxílio incessante aos outros. 

A boa vida tem rastros de sombra. 

A vida boa apresenta marcas de luz. 

A desordem favorece a boa vida. 

A ordem garante a vida boa. 

Palavra enfeitada costuma escorar voa vida. 

Bom exemplo assegura vida boa. 

Preguiça mora na boa vida. 

Trabalho brilha na vida boa. 

Ignorância escurece a boa vida. 

Educação ilumina a vida boa. 

Egoísmo alimenta a boa vida. 

Caridade enriquece a vida boa. 

Indisciplina é objetivo da boa vida. 

Disciplina é roteiro da vida boa. 

Vejamos as lições do Evangelho. 

Madalena, obsidiada, perdera-se nos encantos da boa vida, mas encontrou em nosso Divino Mestre a necessária orientação para vida boa.

Zaqueu, afortunado, apegara-se em demasia às posses efêmeras da boa vida, entretanto, ao contato de Nosso Senhor, aprendeu como situar os próprios bens na direção da vida boa. 

Judas, os discípulo invigilante, procurando a boa vida, entregou-se à deserção, e sentindo extrema dificuldade para voltar à vida boa, foi colhido pela loucura. 

Simão Pedro, o apóstolo receoso tentando conservar a boa vida, instintivamente, negou o Divino Amigo por três vezes numa só noite, entretanto, regressando, prudente, à vida boa, abraçou o sacrifício pela própria ascensão, desde o dia de Pentecostes. 

Pilatos, o juiz dúbio, interessado em desfrutar boa vida, lavou as mãos quanto ao destino do Excelso Benfeitor, adquirindo o arrependimento e o remorso que o distanciaram da vida boa. 

Todos os que crucificaram Jesus pretendiam guardar-se nas ilusões da boa vida, no entanto, o Senhor preferiu morrer na cruz da extrema renúncia para ensinar-nos o caminho da vida boa. 

Como é fácil observar, nas estradas terrestres, há muita gente de boa vida e pouca gente de vida boa, porque a boa vida obscurece a alma e a vida boa mantém a consciência acordada para o desempenho das próprias obrigações. 

Estejamos alertas quanto à posição que escolhemos, porquanto, pelo tipo de nossa experiência diária, sabemos com segurança em que espécie de vida seguimos nós. 

Sheilla – Evangelho e Vida – Livro: Comandos do Amor (Chico Xavier)


Zaqueu - Assistência social

O Espiritismo com Jesus ilumina o homem. 

O homem iluminado clareia o caminha da vida. Eis porque a assistência social, em bases da fraternidade legítima, é o campo de realizações em que a nossa Renovadora Doutrina plasma em serviço ativo os ensinamentos da Esfera Superior. 

Santificado o templo que reconforta. 

Respeitável é o dispensário que alimenta. 

A caridade que fulgura na escola, em favor do espírito, é a mesma que se desdobra no hospital, em benefício do corpo. 

Como interpretar a fonte que se recolhesse ao manancial, receosa do contato com a terra seca? Que dizer da luz que se limitasse a brilhar, isolada, a pretexto de garantir-se contra as sombras? 

Da própria natureza - trono visível da Vontade e do Amor de Deus – recebemos o roteiro do bem incessante. 

Irradia-se o amparo do sol, fluindo de mais alto, cada dia, não só para sustentar o cérebro dos sábios, mas também para auxiliar aos vermes do pântano. 

Assim também o sol do ensinamento cristão resplandece não apenas para o êxtase da espiritualidade, mas igualmente para socorro ao plano físico. 

Jesus destaca as bem-aventuranças da alma e limpa as mazelas da carne. 

Estende a Boa Nova sublime, mas, não desdenha multiplicar o pão. 

Restaura a virtude da Madalena e sublima a compreensão de Zaqueu, mas não se esquece de curar os olhos de Bartimeu, o cego, e de reconstituir a orelha de Malco. Cristo é o Restaurador Celeste do Homem Integral. 

Mestre do espírito é também o Médico do corpo. 

Façamos, pois de nossa íntima regeneração com o evangelho a tarefa mais alta de nossa vida e busquemos na assistência social a região do serviço que devemos aos semelhantes. 

As obras sem fé podem ser a monumentalização da vaidade e do orgulho, mas não podemos olvidar, com o Apóstolo, que a fé sem obras é morta em si mesma.

Nina – Assistência Social – Livro: Comandos do Amor (Chico Xavier)

Zaqueu - Dinheiro e espiritualidade

 Em praticamente todas as épocas da humanidade, a maioria dos religiosos sempre apresentou atitudes polêmicas e por vezes contraditórias a respeito do uso adequado dos recursos materiais em uma vida guiada por ideais espirituais. 

Discussões infindáveis sobre o significado espiritual da riqueza material levaram muitos doutrinadores e líderes religiosos a amaldiçoarem, em nome de Deus, o recurso amoedado. No Ocidente, historicamente, essa foi a atitude mais comum, sobretudo dentro do catolicismo. Posteriormente, com o advento do protestantismo, várias vertentes rejeitaram esse paradigma comportamental, elegendo o dinheiro como algo perfeitamente enquadrado em uma vivência ética da criatura humana. De fato, diversos historiadores consideram essa diferença de perspectiva um dos fatores determinantes para o maior desenvolvimento político-econômico da chamada América anglo-saxônica, de cultura predominantemente protestante, quando comparada à América Latina, de tradições majoritariamente católicas. 

Importante registrar que, mais recentemente, a visão “positiva” do bem material por parte dos movimentos protestantes ganhou uma ênfase exagerada, sendo o dinheiro considerado como indicação categórica de vitória espiritual e bênção divina, especialmente por facções do chamado “Neo-pentecostalismo”. 

Entretanto, o bom senso aliado a uma leitura criteriosa do Evangelho de Jesus não permite nenhuma dúvida sobre o comportamento verdadeiramente evangélico do cristão perante os recursos materiais. Realmente, analisados em conjunto, os ensinamentos de Jesus sobre os bens materiais e seu emprego em nossa vida não dão margem a nenhum equívoco. 

Primeiramente, Jesus jamais disse ou deu a entender que o dinheiro, em si mesmo, seria sinal de bênção, privilégio, milagre ou condição espiritual de destaque. Ele mesmo asseverou “O Filho do Homem não tem uma pedra para encostar a cabeça”. E, deixando evidente que o dinheiro não significava vantagem do ponto de vista espiritual, foi contundente ao afirmar “É mais fácil um camelo passar pelo vão de uma agulha do que um rico entrar no Reino dos Céus”. Para não deixar margem a qualquer dúvida, enunciou as imortais “Bem-aventuranças”, enfatizando que as vantagens materiais não são credenciais de evolução espiritual. Ademais, com raras e especiais exceções, seus discípulos e apóstolos, assim como Ele próprio, eram pessoas das camadas sociais mais humildes e de maneira nenhuma nós podemos admitir que os apóstolos fossem preguiçosos, amaldiçoados ou criaturas afastadas da chamada “Palavra de Deus”. Vale lembrar que os apóstolos, apesar de profundamente identificados com o trabalho apostólico de divulgação evangélica, sofreram muito durante a vida física e, à exceção de João Evangelista, morreram invariavelmente de forma violenta, em condições de penúria material, mas de exuberante vitória espiritual. 

Por outro lado, Jesus igualmente não amaldiçoa o dinheiro e muito menos os ricos. Adverte quanto ao perigo da prova da riqueza, mas não torna a pobreza passaporte para a virtude, como muitos até hoje apregoam. José de Arimatéia, Nicodemos e o famoso “Centurião Romano”, cuja fé foi exaltada pelo Mestre, são exemplos de criaturas de destaque socioeconômico que receberam atenção e profunda consideração por parte do Mestre. Além deles, a passagem inesquecível de Zaqueu merece análise. Quando esse homem, ao hospedar Jesus e os Apóstolos, decide doar metade de seus bens aos pobres e restituir quatro vezes mais aqueles a quem tivesse lesado, Jesus disse que “a salvação tinha entrado naquele lar”. Ora, Zaqueu era um homem relativamente rico, o que implica que doar cinquenta por cento de seus bens não significaria necessariamente um empobrecimento propriamente dito. E Jesus não requisitou mais. 

Além disso, o grupo apostólico apresentava elementos de elevada condição social, como é o caso de Mateus. Vale acrescentar que Saulo de Tarso, além de perseguidor do Cristianismo, era um homem de elevada condição social e foi “resgatado” pelo próprio Cristo, em Espírito, às portas de Damasco, o que é confirmado pela aparição do Mestre a Ananias. Obviamente, seria desnecessário comentar sobre a relevância paulina no trabalho apostólico, já que, depois do próprio Jesus, o apóstolo de Tarso foi indiscutivelmente o maior propagador do Cristianismo nascente. 

Aprofundando a questão, é interessante adir que Jesus, em momento algum, instituiu a necessidade de donativos fixos por semana, mês ou ano a quem quer que seja, muito menos a instituições religiosas formais, que, aliás, Ele não cansava de criticar no que se refere ao seu luxo e hipocrisia no trato com as questões espirituais e no contato com os irmãos. Este posicionamento fica evidente, por exemplo, quando o Mestre se refere criticamente às “longas túnicas” usadas pelos religiosos ou quando afirma que, “a pretexto de longas preces, devoram as casas das viúvas”. Obviamente, a idéia de dízimo mensal não tem nenhum respaldo no Evangelho de Jesus e, para ser defendida pelos religiosos, supostamente cristãos, necessita de subsídios do respeitável, porém limitado, Velho Testamento, sobretudo de Malaquias, texto claramente em oposição aos ensinos de Jesus. Afinal, o Mestre várias vezes afirmou: “Tendes ouvido o que vos foi dito, eu porém vos digo....”. Resta saber se nós, como cristãos, confiamos mais em Jesus ou no Velho Testamento! 

Como se não fosse suficiente, Jesus nos deixa as passagens do “Óbolo da Viúva” e da “Parábola do Bom Samaritano”, que são insofismáveis em relação à necessidade de espontaneidade no gesto do bem. Lembremos da Codificação Espírita que nos ensina que Deus não avalia tão-somente a ação propriamente dita, mas igualmente a intenção por detrás da ação. Realmente, imaginar Jesus pedindo donativos mensais seria algo desrespeitoso e trágico, para não dizer ridículo, em se tratando do Espírito mais evoluído que nasceu no Planeta Terra. 

A discussão acima não se trata de interpretação forçada, uma vez que o próprio Jesus repreendeu um dos apóstolos quando eles estavam hospedados em Betânia, na casa de Lázaro, e Maria ungiu os pés de Jesus com um perfume muito caro (Evangelho de João, Capítulo 12, a partir do primeiro versículo). Realmente, um dos apóstolos achou um “desperdício” gastar tanto dinheiro (“trezentos denários”) com perfume, ao invés de ajudar aos pobres. Jesus esclareceu: “Deixai-a; ela guardou este perfume para o dia da minha sepultura. Pois sempre tereis convosco os pobres, mas a mim nem sempre me tereis” (João, 12:7-8), denotando que há muitas formas de se fazer o bem e que doar um “presentinho” a quem amamos não é nenhum crime e, dependendo da intenção de quem age fraternalmente, pode ter um significado muito maior do que qualquer “obrigação da Lei”,
pois, afinal, a “Lei e os profetas” foram resumidos pelo Homem de Nazaré no Amor, e o Verdadeiro Amor requer espontaneidade em suas ações. 

Logicamente, é perfeitamente lícito e meritório alguém se responsabilizar por um donativo regular a uma instituição de caridade, seja ela vinculada a núcleos religiosos ou não. O problema está em se restringir essa ação somente à igreja a que se está vinculado e tornar esse tipo de caridade um pré-requisito único e imprescindível para a “Entrada no Reino dos Céus”. Vale questionar: Se o cristão dá o seu dinheiro diretamente aos necessitados, sem uso de “atravessadores” (lê-se: instituições religiosas), essa ação valeu menos do que o donativo feito à igreja?! Neste caso, resta saber onde está a igreja na “Parábola do Bom Samaritano”... 

Neste contexto, naturalmente lembramo-nos de Francisco de Assis, que representa uma das mais belas vidas cristãs da História, em função do seu desapego aos bens materiais. No entanto, é fácil notar uma deturpação no entendimento dos exemplos franciscanos, assim como ocorre com o próprio Cristo. Realmente, tornar Francisco de Assis infalível seria considerá-lo igual ou maior do que Jesus, o que é inadmissível. Por outro lado, um entendimento mais profundo da vida cristã de Francisco de Assis passa necessariamente pela compreensão do contexto histórico extremamente conturbado em que ele vivia, sobretudo no que se refere aos hábitos nada cristãos dos religiosos da época. A atitude franciscana, até certo ponto drástica, de rejeição aos bens materiais e de uma vida pobre, foi importantíssima para evolução espiritual do Planeta Terra, uma vez que os religiosos daquele tempo estavam completamente esquecidos do verdadeiro significado do Evangelho. Aliás, muitos historiadores admitem que Francisco de Assis teve papel de destaque na mudança das instituições sociais europeias, pois, ao propor uma atitude religiosa alternativa ao “status quo”, ajudou a sociedade a questionar os valores religiosos da Idade Média, contribuindo para o fim do Feudalismo e o advento da Renascença e até mesmo da Reforma Protestante, que foram alguns dos marcos da transição entre as Idades Média e Moderna. 

Logo, apesar da indiscutível relevância na missão franciscana, considerar a rejeição aos bens materiais e a vida exclusivamente pobre um referencial único de atitude cristã seria um erro lamentável com base nos vários ensinos e exemplos de Jesus. De fato, “A liberdade é total para o amor”, denotando que o bem tem vários caminhos e mecanismos de atuar. Nem a mendicância e nem a riqueza fazem o Espírito melhor ou pior, pois “o que é da carne é carne e o que é do espírito é espírito”. Qualquer situação material é meramente uma oportunidade evolutiva de características específicas para o Espírito necessitado de experiência. Desta forma, a afirmação paulina (Efésios, 4:28): “Trabalhe, fazendo com as mãos o que é bom, para que tenha o que repartir com o que tiver necessidade” é a orientação mais segura e condizente com as palavras do próprio Jesus. Realmente, essa proposta pode ser considerada correta, à luz das Leis Divinas do Amor, independentemente dos vários contextos da vida física e, por conseguinte, pode ser generalizada como referencial de comportamento cristão. Compreendendo, em concordância com “O Livro dos Espíritos”, que “trabalho é toda ocupação útil”, o leque de opções dentro da esfera do Amor realmente se torna incalculável, desde que tenhamos boa vontade para começar. Assim sendo, trabalhemos no bem, hoje, amanhã e sempre, das mais variadas formas possíveis, de forma que, quando este trabalho repercuta em qualquer ganho de cunho material, educacional ou espiritual, saibamos que o Pai Maior, que abençoa a caridade espiritual,
também abençoa o pão material fornecido com carinho e enternecimento ao nosso irmão, pois ambas as atitudes são, no fundo, o mesmo exercício de Fraternidade e de Amor, que resume todo o Evangelho de Jesus. 

Leonardo Marmo Moreira – Dinheiro e Espiritualidade 
                                                                            - O Consolador – Nº 63 – 06/07/2008 




segunda-feira, 18 de setembro de 2023

Zaqueu - Saudades de Jesus

 Em se tratando do querido Francisco Cândido Xavier, relativo a tantos episódios narrados por interlocutores que com ele conviveram e puderam se deleitar com sua doce presença e momentos felizes e alegres, há um destes, que é narrado pelo confrade Adelino da Silveira. 

Narra ele que se encontravam na residência de Chico Xavier numa daquelas fases em que seu estado de saúde não lhe permitia deslocar-se até o Centro... No entanto uma multidão se comprimia lá na rua em frente, quando o portão se abriu, a fila de pessoas tinha alguns quarteirões. Como de hábito, foram passando uma a uma em frente ao Chico. Eram pessoas de todas as idades, de todas as condições sociais e dos mais distantes lugares do País. 

Algumas diziam: 

-Eu só queria tocá-lo... 
-Meu maior sonho era conhecê-lo... 
-Só queria ouvir sua voz e apertar sua mão. 

Muitos queriam notícias de familiares desencarnados, espantarem uma idéia de suicídio. Outros nada diziam e nada pediam, só conseguiam chorar. 

Bastava uma simples palavra do Chico, seus semblantes se transfiguravam, saíam sorridentes. 

Adelino da Silveira, diante do cortejo inigualável, e especialmente pela maneira como Chico atendia a todos ficou a pensar: "Meu Deus, a aura do Chico é tão boa... Seu magnetismo é tão grande, que parece que pulveriza nossas dores e ameniza nossas ansiedades". 

Instantaneamente a este pensamento Chico se dirige ao confrade e lhe diz: – Comove-me a bondade de nossa gente em vir visitar-me. Não tenho mais nada para dar. Estou quase morto. Por que você acha que eles vêm? 

A pergunta inesperada deixa-o perplexo e momentaneamente emudecido e pensando: Meu Deus, frente a um homem desses, a gente não pode mentir nem dizer qualquer coisa que possa vir ofender a sua humildade (embora ele sempre diga que nunca se considerou humilde) e, logo recobrado do estupor, diz ao Chico: “Quando Jesus esteve conosco, onde quer que aparecesse, a multidão o cercava. Eram pessoas de todas as idades, de todas as classes sociais e dos mais distantes lugares. Muitos iam esperá-lo nas estradas, nas aldeias ou nas casas onde Ele se hospedava. Onde quer que aparecesse, uma multidão o cercava. Tanto que Pedro lhe disse certa vez: ‘Bem vês que a multidão te comprime’. Zaqueu chegou a subir numa árvore somente para vê-lo. Ver, tocar, ouvir era só o que queriam as pessoas. Tudo isso passou pela minha cabeça com a rapidez de um relâmpago. E como ele continuava olhando para mim, concluí o raciocínio dizendo-lhe: Acho que eles estão com saudades de Jesus”.

Conta Adelino que estas palavras foram tiradas do fundo do seu coração diante de um homem tão doce e amável que era, pois acreditava que elas não ofenderiam a sua modéstia. 

Enquanto isso a multidão continuava desfilando à frente dele e todos lhe beijavam a mão e ele beijava a mão de todos. Lá pelas tantas da noite, quando a fila havia diminuído sensivelmente, o confrade Adelino percebe que os lábios de Chico estavam sangrando, pois ele havia beijado a mão de centenas de pessoas. Adelino da Silveira fica com tanta pena daquele homem, que já contava com oitenta e oito anos, mais de setenta dedicados ao atendimento de pessoas, e lhe pergunta: Chico, por que você beija a mão deles? 

A resposta que recebeu o deixou ainda mais estupefato e admirando-o mais do que nunca, pois declara que a resposta marcou sua alma para a eternidade: - Porque não posso me curvar para beijar-lhes os pés. 

Valci Silva – Saudades de Jesus - Consolador – Nº 195 – 06/02/2011


 


Zaqueu - Buscar o melhor - aproveitar o tempo

 Em estudo de o livro Obreiros da Vida Eterna, de autoria do Espírito André Luiz, psicografado por Chico Xavier, alertou-nos a orientação do benfeitor Jerônimo por tratar-se de séria advertência, e desejamos partilhá-la com os nossos caros leitores. 

No capítulo II, denominado “Santuário da Bênção”, nos traz precioso ensinamento quando trata dos frequentadores da instituição por ele dirigida: “Procura-se então o Santuário, sem qualquer preparação íntima. Nossos amigos prosseguem repetindo o cenário da Crosta, em que os devotos procuram os templos, como os negociantes buscam mercados” (grifos nossos). 

Diante de observações tão claras e sérias, achamos importante que nós atentemos para o fato de que a maioria da humanidade também procura as instituições religiosas na busca de encontrar soluções rápidas para as suas dificuldades, ligadas aos interesses de ordem material ou simplesmente para cumprirem uma obrigação, aguardando que tal procedimento seja suficiente para receberem o amparo desejado da parte dos benfeitores espirituais. 

Uma vez presumido haver amainado ou resolvido seus problemas, retornam à mesma vivência anterior, sem nenhuma preocupação com os ensinamentos recebidos. 

Raros são os que despertam para o verdadeiro sentido da existência. São criaturas ainda envolvidas com as facilidades materiais que a vida proporciona aos incautos que permanecem sedentos da satisfação proporcionada pelos prazeres ligados exclusivamente ao mundo material. 

Verifica-se que muitos espíritas também assim procedem. Admiram as palestras, e os bons palestrantes; retiram-se da Casa Espírita felizes e convencidos de que cumpriram com o seu papel de bons Espíritas. 

Não se preocupam, no entanto, em se esforçarem em tomar posição para as mudanças necessárias ao bom aproveitamento da existência terrena. Procedem como muitos dos profitentes de qualquer outro credo religioso. Não assumem responsabilidade com o trabalho educativo voltado para a conscientização da prática do bem e do amor ao próximo como aprendemos com Jesus. 

Agem diferentemente do cego de Jericó. Este, que andava pelas estradas e aldeias suplicando o necessário para viver, buscava também solução para os seus problemas de ordem espiritual. 

No entanto, quando teve notícias de Jesus; quando soube dos prodígios que realizava; de Suas curas, não só das doenças do corpo, mas também da alma, como aconteceu com Maria Madalena, a mulher equivocada; Zaqueu, o publicano; Levi, o cobrador de impostos; entre muitos outros e diante dos Seus ensinamentos e atitudes que a todos encantava por seu amor à humanidade sofredora, não teve dúvidas em buscá-lo.

Quando teve conhecimento que Jesus caminhava em sua direção, mesmo sem vê-Lo, gritou: “Jesus, Filho de David, tem compaixão de mim”. Muitos da multidão que o acompanhavam, julgando que ele estivesse perturbando o ambiente com seus gritos, tentaram impedi-lo de continuar a clamar, mas cheio de confiança gritava mais alto: “Jesus, Filho de David, tem compaixão de mim”. 

Jesus, ouvindo o seu clamor, aproximou-se, repreendeu os que o impediam de se aproximar e perguntou: “Que queres que te faça?” e ele, rapidamente, sem titubear, lançou longe a capa que portava e respondeu: “Que eu veja, Senhor!” Só desejava o que presumia ser o mais importante para sua vida, a visão. Ele queria ver para ser independente. Ganhar o pão com o seu trabalho, ser digno e renovar sua vida. Passou a seguir Jesus. Estava renovado espiritualmente. Ao influxo dos ensinamentos de Jesus compreendeu o porquê da Vida e não mais deixou de acompanhá-lo. 

Esta é a parte mais interessante da história de Bartimeu. Cheio de reconhecimento pelo benefício recebido, transformou sua Vida. Tornou-se um homem renovado. 

O exemplo de Bartimeu é muito importante para todos. Aprendemos com ele que é preciso nos despojarmos da capa dos velhos costumes, hábitos, procedimentos, pensamentos e sentimentos deteriorados que trazemos de muito longe. Renovação e mudanças são as palavras de ordem. 

Quantos de nós que recebemos dádivas, favores, esclarecimentos e orientações doutrinárias a respeito de nossos deveres, com o conhecimento das lições do Espiritismo, não notamos que com tais verdades nossa responsabilidade fica mais comprometida? Pois agora sabemos por que nascemos e quais os objetivos de existirmos na Terra. Não harmoniza com a nova doutrina o indiferentismo às mudanças necessárias daqui para frente, a exemplo de Bartimeu. É tempo de despertar e buscar aproveitar o tempo que ainda nos resta na presente existência, pois, segundo Emmanuel nos ensina: sempre é tempo de começar, mas é importante começarmos ainda hoje porque amanhã pode ser tarde. 

Édo Mariani – Buscar o melhor – aproveitar o tempo - O Consolador – Nº 461 – 17/04/2016


Zaqueu - O nascimento de Jesus nos nossos corações

 No livro O Evangelho por Dentro (Edições FEESP), capítulo: O Natal do Grande Mestre, o saudoso escritor e jornalista Paulo Alves Godoy faz interessante análise sobre o comportamento da Humanidade, nas comemorações do Natal de Jesus. 

Essas comemorações ocorrem num misto de alegria e tristeza. A alegria ocorre, naturalmente, pelo fato da vinda de Jesus à Terra; e a tristeza, porque há uma parcela da Humanidade que ignora o conteúdo da mensagem de Jesus. Alguns, por imaturidade espiritual. 

Como diz a mensagem do Espírito de Verdade, no item cinco do capítulo seis de O Evangelho segundo o Espiritismo (FEB): “... No Cristianismo encontram-se todas as verdades; são de origem humana os erros que nele se enraizaram. Eis que do além-túmulo, que julgáveis o nada, vozes vos clamam: Irmãos! Nada perece. Jesus Cristo é o vencedor do mal, sede vendedores da impiedade.” 

Por tudo isso, o “amai-vos uns aos outros” parece ter sido transformado no “armai-vos uns aos outros”. E o que vemos? Pessoas e até crianças indefesas sacrificadas em atentados sem sentido; o ódio campeando à solta; povos e nações vivendo num clima de terror; nações poderosas enchendo seus arsenais com armas que, quando acionadas, podem ceifar milhares de vidas. 

Interessante registrar que já no século 19 Allan Kardec se posicionava sobre o assunto. À sua pergunta número 742 em O Livro dos Espíritos, sobre o que leva o homem à guerra, os Espíritos respondem que é a predominância da natureza animal sobre a espiritual e a satisfação das paixões. À pergunta 743: se a guerra desaparecerá um dia da face da Terra, a resposta é sim, quando os homens compreenderem a justiça e praticarem a Lei de Deus. Aí então, todos os povos serão irmãos. 

As mesmas causas da guerra podem ser aplicadas à violência e ao desamor. 

Jesus previu todo este panorama. O Sermão Profético, assinalado no capítulo 24 do Evangelho de Mateus, registra o seu pronunciado nesse sentido, e que tem plena atualidade. Foi quando ele demonstrou, de forma velada, toda a sua amargura pela incompreensão dos homens, diante da mensagem viva que viera trazer. 

Mas o rebanho que Jesus quer formar há de ser integrado pelos bons, pelos desprendidos, pelos verdadeiros pacificadores, pelos simples de coração; enfim, os que trabalham em favor do próximo, exercendo a verdadeira caridade, a caridade moral, que o item nove do capítulo 13 do Evangelho diz que consiste em suportarmo-nos uns aos outros, que é o que menos se faz neste mundo inferior, onde estamos encarnados. 

Esse Reino de Paz vai chegar. Para tanto, é preciso que façamos a nossa parte, como no caso daquela ave que, diante de um grande incêndio na floresta, molhava as suas pequenas asas num lago e espalhava as gotinhas no incêndio, certa de que, mesmo não conseguindo apagá-lo, pelo menos estava fazendo a sua parte.

Se cada um fizer a sua parte, quem assim proceder terá a oportunidade de voltar ao Planeta numa próxima encarnação, para continuar a desenvolver o mesmo trabalho em torno do bem e em favor do próximo e, consequentemente, em favor do próprio Planeta, ao passo que os que espalham a violência serão exilados para mundos inferiores. 

Como diz o item 27 do capítulo 18 do livro A Gênese, de Allan Kardec, para que os homens sejam felizes sobre a Terra, é necessário que ela seja povoada apenas por bons Espíritos, encarnados e desencarnados, que apenas queiram o bem. 

Neste sentido, Pedro de Camargo (Vinícius) escreveu uma bela mensagem intitulada: Cristo nasceu? Onde? Quando?, registrada no livro Em Torno do Mestre (FEB), que fala admiravelmente do momento em que Jesus nasce no coração de cada um. É uma mensagem que, por certo, sensibiliza o íntimo, o coração, não só dos que estudam e exemplificam o Evangelho, e que na Parábola do Semeador (Mateus, 13: 1 a 23; Marcos, 4: 1 a 20 e Lucas, 8: 4 a 15) representam as sementes que caem em terreno fértil, fortificam e produzem a cem, a sessenta e a trinta por um, mas também dos que sentem que precisam despertar para as Verdades Eternas. 

Cristo nasceu? Onde? Quando? 
(Pedro de Camargo - Vinícius) 

A salvação não está numa finalidade a que se convencionou denominar céu ou paraíso: está, sim, na perpétua renovação da vida para a frente e para o alto. Avançar, como disse São Paulo, de glória em glória, tal é, em síntese, o trabalho e o plano da redenção. Jesus é a força viva que, uma vez encarnada no homem, determina a sua constante transformação. 

"O Verbo se fez carne e habitou entre nós, cheio de graça e verdade, e vimos a sua glória como de unigênito do Pai. Mas a todos os que o receberam, aos que creem em seu nome, deu ele o direito de se tornarem filhos de Deus; os quais não nasceram do sangue, nem da vontade da carne, nem da vontade do homem, mas sim de Deus." 

A prerrogativa de unigênito do Pai, Jesus a torna extensiva a todos os que de boa vontade o receberem. E assim se opera o seu natalício no coração do pecador. 

O menino que Maria enfaixou, deitando-o, em seguida, numa manjedoura, é a figura desse Jesus que é força, que é poder, que é vida e verdade, atuando no interior do homem. 

Invoquemos, em abono de nossa asserção, o testemunho de algumas personagens que figuram na esfera cristã como astros de primeira grandeza. 

Perguntemos a Paulo - onde e quando Jesus nasceu? Ele nos dirá: Foi na estrada de Damasco, quando eu, então intolerante e fanatizado por uma causa inglória, me vi envolvido na sua divina luz. Dali por diante - "já não sou eu mais quem vive, mas o Cristo é que vive em mim".

Indaguemos de Madalena onde e quando nasceu Jesus. Ela nos informará: Jesus nasceu em Betânia, certa vez em que sua voz, ungida de pureza e santidade, despertou em mim a sensação de uma vida nova, com a qual, até então, jamais sonhara. 

Ouçamos o depoimento de Pedro, sobre a natividade do Senhor, e ele assim se pronunciará: Jesus nasceu no átrio do paço de Pilatos, no momento em que o galo, cantando pela terceira vez, acordou minha consciência para a verdadeira vida. Daí por diante, nunca mais vacilei diante dos potentados do século, quando me era dado defender a Justiça e proclamar a verdade, pois a força e o poder do Cristo constituíram elementos integrantes de meu próprio ser. 

Chamemos à baila João Evangelista e peçamos nos diga o que sabe acerca do natal do Messias, e ele nos dirá: Jesus nasceu no dia em que meu entendimento, iluminado pela sua divina graça, me fez saber que Deus é amor. 

Dirijamo-nos a Zaqueu, o publicano, e eis o seu testemunho: Jesus nasceu em Jericó, numa esplêndida manhã de sol, quando eu, ansioso por conhecê-lo, subi numa árvore, à beira do caminho por onde ele passava, contentando-me com o ver de longe. Eis que ele, amorável e bom, acena-me, dizendo: Zaqueu, desce, importa que me hospede contigo. Naquele dia entrou a salvação no meu lar. 

Interpelemos Tomé, o incrédulo: Quando e onde nasceu o Mestre? Ele, por certo, retrucará: Jesus nasceu em Jerusalém, naquele dia memorável e inesquecível em que me foi dado testificar que a morte não tinha poder sobre o Filho de Deus. Só então compreendi o sentido de suas palavras: "Eu sou o caminho, a verdade e a vida". 

Apelemos, finalmente, para Dimas, o bom ladrão: Onde e quando Jesus nasceu? Ele nos informará: Jesus nasceu no topo do Calvário, precisamente quando a cegueira e a maldade humanas supunham aniquilá-lo para sempre; dali ele me dirigiu um olhar repassado de piedade e de ternura, que me fez esquecer todas as misérias deste mundo e antegozar as delícias do Paraíso. Desde logo, senti-o em mim e eu nele. 

Tal foi o testemunho do passado - tal é o testemunho do presente, dado por todos os corações que, deixando de ser quais hospedarias de Belém, onde não havia lugar para o nascimento de Jesus, se transformaram, pela humildade, naquela manjedoura, que o amor engenhoso da mais pura e santa de todas as mães converteu no berço do Redentor do mundo. 

Altamirando Carneiro – O nascimento de Jesus nos nossos corações 
                                                                - O Consolador – Nº 290 – 09/12/2012